sábado, 24 de janeiro de 2009

Céus de Ícaro

Ah, e não compreendo
O que faz com que tantos deles
Sacrifiquem toda a vida
Mergulhados na aridez
De uma então realidade

Por deixarem, secos, sérios
De cair na doce teia
De um minuto de ilusão
Vivos são, mas em vão
Pois não são
Nem de longe mais que isso

Sombras frias de uma sólida
E insólita verdade
Que se vai...
Cada vez que cerra os olhos
Esquece o tolo
Que um terço ou mais da vida
Passa de olhos cerrados

De ilusão, impregnados
Berço solto da ilusão
E a razão
Que jazia junto à vida

E só resta de imortal
A mais pura e simples obra
De quem seus joelhos dobra
Diante ao céu que Galileu
Explicou, mas que sentido
Somente Ícaro deu

Resigna-te, homem cerne:
Somente é imortal
A obra da ilusão que temes

(.:Ricardo Vieira:.)

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