Ante ao véu negro que cai, fico eu resignado
No entanto, deliciado, e teu carrasco me tornei
Assim levo o cajado do domínio que me tens... me faço rei
Átrio vão de meu controle, sobre o gozo, e o fustigar
Temo a ti e a teus fervores, submissa a dominar
Meus grilhões em ti são cores do pulsar doce que tem
Ao passo que confessamos, a verdade do controle
Não pertence ao carrasco, cujo epílogo é um Amém!
Tudo o que é inevitável gera duas indústrias básicas: A da Providência, tal qual mortalha e coveiro, e a da Conformação, tal qual a Religião e o Ceticismo.
Teu peso é bom Pousa em meu peito, leve Como aquele som Que entoavas Quando os corpos Se enlaçavam Sussurro baixo Cujo o ritmo ditei Em plena aurora E em compasso acelerado Eu me fiz Rei Quando teu grito Contraído e abafado Verteu-me o gozo E me fizeste coroado E ao fim da cena Feita plena a exaustão A imensidão da noite É manhã amena Acarinhando teus cabelos Eu descanso Um sono manso Bem desperto, a observar O impossível de negar É estampado: De coração te digo Pouco há tão lindo Quanto meu chão Com tuas roupas decorado
Não que o valha... O cheiro é forte, e pelo quarto Se espalha Bem como o gosto de mamilo Em minha língua Creio que o meu, do mesmo modo Em ti, e à míngua Mata de sede este teu ventre Ninho meu Que hoje me acolhe Tal qual como prometeste Eu que te adentre Embora outro o dono teu E já que agora é hora minha Ao desfrutar Que seja intenso, seja insano O Gozo meu E o que te cabe é suspirar Ir recordando o tudo feito Então te aninha... ... Mas noutro peito A hora minha é hora ida E ido sou Deixo da hora minha o gosto Que restou E outros sabores Que meu corpo te deixou.
– E já te vais? – Não que eu queira, mas preciso.. – Não que eu lamente, ou te precise... ...Um pouco mais... – É “tanto faz”? – É “tanto fez”. É meu desejo embebido Em altivez – Ah, se não fosse o compromisso, então... ... Talvez... – “Talvez” não basta, olhas meu corpo e diz... ... Que vês? – Hum... Eu vejo o nu, arrepiado E meia dúzia de arranhões – Não te diz nada este meu corpo Tão lanhado? – Diz sim: Que é justo que eu esteja Pouco mais que atrasado – Então te abro bem as pernas E a ficar mais és convidado – É... neste caso, por não ir Sinto-me já justificado.
Às quase duas decidi que esqueceria Que as quase três, por certo O olho, nem de longe consternado Qualquer fosse a hora que eu levantaria Segue alerta, indiferente Enquanto eu, sigo pregado
Não que importe, sigo em frente Diferença não faria Dormem eles, quase todos Mas eu cá, bem acordado Quase lembro do bilhete Bem ali, dependurado Na tão fria geladeira No post-it amarelado
“Lembres: tens de esquecer De nunca ler este recado: Não esqueças de esquece-la E retirar-te do passado De quem rouba, sem sofrer O teu sono lá deixado”
Quase sol, quase já dia Quase hora de entornar Meia xícara vazia Disto tudo que acabou Sem ter mesmo começado.
Jamais quis eu Regar teus olhos de menina De triste idéia Ou de um sonho que apagou Pois vi meu rosto Refletir em tua retina De um modo tal Que o espelho sempre me negou Por isso dói ver-te verter Lágrima triste De alegres olhos Que mi’a vida alumiaram E antes de tudo isso Que tu me pedistes Tragavam flores que te dei E hoje murcharam E não de fracas, quero agora Que me entenda Pois corajosas elas morrem Só no fim Mesmo que a mim Tua'ida rasgue sem emenda De tua retina Não retiro-me assim Sou dela a parte que te parte Impiedoso Dessaboroso do espelho Meu que vai Se em parte parto Parte fico: Paciencioso Aguardo quieto A tempestade que se vai Não que estar quieto Me faça silencioso Nem meu silêncio me faça Ficar parado Pois meu estado vegetal É tendencioso Caos comprimido Qual bramido entoado (.:Ricardo Vieira:.)
Quem não combate não bate Se não barganha, não ganha Mas se procede e não cede Fazendo teia, emaranha Mas não detenha o que tenha Alma correta na reta Não seja omisso se isso Mantém teu olho na seta Se tens respeito no peito Enfrente sempre de frente Se referido o ferido Fazei perfeito o teu feito Reage diante o que age
De coração justa ação
Se faz presente ao que sente Que abarca a honra e arca Com conseqüência e seqüência E de virtude se marca.
Há tempos a política de varrer a sujeira para baixo do tapete vem se tornando a principal estratégia dos governos para cuidar de assuntos importantes como a matemática social e um de seus principais resultados: A Segurança Pública.
E adianto que é impossível falar de segurança pública sem antes definirmos bem o que é INSEGURANÇA PÚBLICA. Cá entre nós, o que significa “estar seguro”? O que é Segurança Pública? A certeza de não ser assaltado ou morto? A garantia que nosso patrimônio não será furtado ou depredado por algum “desordeiro” ou marginal? É, talvez. Mas o buraco é mais embaixo.
Será que deveríamos pensar que essas coisas acontecem onde não há policiamento, e deixam de acontecer onde há um PM? Talvez devamos lembrar que policiamento ostensivo evita o acontecimento do crime naquele local. Não impede o acontecimento onde ele não está. E é impossível um policiamento ONIPRESENTE, que tudo veja em todos os lugares.
É aí que percebemos que a Brigada Militar acabou sendo a ultima barreira de contenção de um processo social completamente deficiente na área de planejamento Criminológico (estudo que atua na lógica de controle da criminalidade nas suas verdadeiras raízes), onde uma série de outros órgãos deveriam atuar, e deixam de faze-lo por falta de preparo, de postura política séria e comprometida com Segurança Pública e Social. E acham que é ‘balela’ ser mais um a falar sobre isso? Não, definitivamente, não. ‘Balela’ é ser mais um a ficar completamente inerte fingindo não ver onde está o erro.
A Brigada Militar, no cumprimento da missão de lutar pela garantia da segurança pública acaba virando a única instituição a empurrar um enorme e pesado caminhão, resultado do erro de toda a física da sociedade. Por conseqüência, acaba sendo a única a levar a culpa quando a falha acontece. E acaba culpada mesmo que não falhe, pois é difícil identificar corretamente o “alvo” de nosso trabalho policial. Afinal, numa sociedade em crise, onde todos são vítimas de suas situações sociais, quem é o agressor? O Estado? Talvez. Nessa hora, parece que viramos a única instituição a vestir a roupa do Estado. Nossa farda.
E, desconstruindo o que diz velho ditado, já que a Brigada é a última barreira antes do caos, e a primeira depois, como o ultimo a sair, que pague a conta de luz.