quinta-feira, 10 de julho de 2008

Parte Não

Parte minha quer os fatos
Parte outra, talvez não
Parte quer partes do ato
Outra quer só a canção

Nada que seja o relato
Da mais simples ocasião
Por que o sonho é desacato
Parte solta da razão

Se real ou abstrato
Pouco importa se é ou não
Em meu sonho só retrato
Meu extrato em efusão

Se há partes que dividem
Parte sim, parte que não
Partes que nunca decidem
Ou que nem se importarão

Essas partes se confundem
Em valor e proporção
Se ancoram e se fundem
Em perfeita profusão


Se só crias todo ou parte
Se te parte o coração
Se à parte crias arte
Artista ou mero artesão

Contas parte da tua lida
Com os calos da tua mão
Da tua sina sofrida
Choras tua criação

Parte clonada da vida
Que reclamas proteção
Por ti mesma atribuída
Como regurgitação

Por que parte tua sabe
Mesmo que outra parte não
Que o que esperas dessa vida
Não é tua invenção.

(-Ricardo Vieira-)

Um comentário:

  1. Parte do que somos
    é o cadáver do que fomos e a centelha do que seremos.
    É o estalo do verso que ainda não veio mas pulsa latente dentro de nós.
    Parte do que somos, poeta
    é a poesia que nos inunda e a palavra que nos devora.

    Belos versos!!!

    Abraços

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